domingo, 28 de março de 2010

Premissas.

Praticar BIM é cultural, ou seja, é uma forma de pensar, de agir, de se manifestar, que necessita da prática no dia-a-dia, da quebra de paradigmas.

Recentemente, apresentando esse sistema em uma empresa (não posso divulgar para não prejudicar as pessoas envolvidas), pude deparar com a reação básica do ser humano diante de mudanças drásticas de comportamento. Embora enfatizasse a importância de se mudar o pensamento sobre a informação arquitetônica para uma dimensão tridimensional, diversas vezes fui interpelado sobre a representação bidimensional de masters plans. Mesmo que explicasse que a representação de masters plans pudesse ser feito em 2D, seria mais rica a representação em três dimensões, o que poderia evoluir para a quarta dimensão (o desenvolvimento do projeto urbanístico, por exemplo, ao longo do tempo). Mas o ceticismo era forte.

Pude depreender dessa experiência a falha básica de pensamento que nós, no Brasil, temos ao pensar um novo produto: "será que o consumidor vai entender essa forma?" Quando o correto seria pensar em como fazer o consumidor entender a nova forma, principalmente se ela facilitará o trabalho de quem a produz e, numa cadeia de investimentos de tempo e dinheiro, facilitará também o trabalho de quem tem que vendê-la e, finalmente, facilitar a decisão de escolha de compra desse novo conceito.

http://www.dartmouth.edu/~news/releases/2003/09/images/masterplan-map-2.gif
(exemplo de master plan bidimensional)

http://www.annamaria.edu/filestorage/fck/image/master%20plan%200808.jpg
(exemplo de master plan tridimensional)

Obviamente, haverá situações em que uma projeção bidimensional ser fará necessária. O que se deve ter em mente é que esse tipo de representação deve ter um caráter de detalhe da informação e que dever ser originada em uma projeção tridimensional, onde as interferências tenham sido registradas e resolvidas.

Ora, se antes de projetarmos algo em papel temos o hábito de visualiza-lo no espaço, porque essa partir para a forma 2D se antes temos de resolver os problemas de implantação da idéia no espaço físico. Corremos o risco de inviabilizar um projeto antes mesmo que tenhamos tempo de se fazer estudos mais aprofundados de execução. No entanto, na representação em 3D já nos deparamos com situações que precisam ser resolvidas na escala humana, na escala da realidade. É aqui que entra o processo BIM de se projetar.

A projeção tridimensional produz mais registros, mais informações sobre a idéia. Essas informações são mais facilmente captadas e mais facilmente incorporadas ao projeto, permanecendo com ele durante a execução e além dela.

É neste ponto que entramos em uma novo assunto ligado ao processo BIM, que abordarei em uma nova postagem: a interdisciplinaridade, a relação entre o projeto arquitetônico e as outras disciplinas da construção civil. Por enquanto, fiquemos com algumas questões para pensarmos: "Quando projetamos em 2D, qual a qualidade da informação que produzimos? Qual o nível de detalhamento? Qual o controle que temos sobre essas informações?"

domingo, 21 de março de 2010

Building Information Modeling (BIM) na Arquitetura

Pessoas, estou criando este blog para estudar e ajudar os que estão estudando esse novo processo de se pensar a informação da Arquitetura e Urbanismo.

Antes de mais nada, aos que ainda não fazem idéia do que seja BIM, é necessário um esclarecimento: BIM (do inglês "Building Information Modeling" não é um software, não é um evento localizado em um espaço físico, não é uma coisa do além. Uma maneira bem básica de definir BIM é dizer que é um "processo" e, como processo, não tem uma característica física, mas conceitual.

O conceito principal de BIM é a modelagem tridimensional (em alguns casos, inclui-se a dimensão temporal) da informação da construção, seja ela Civil, de Infra-estrutura, de OAEs, etc. Mas, que informação é essa que pode ser "modelada"? Em tese, toda a informação pode ser agregada a um modelo tridimensional ou poli-dimensional, a começar pelos projetos e, aqui, inicialmente, falaremos de BIM aplicado aos projetos arquitetônicos e urbanísticos e os das outras disciplinas relacionadas com a Construção Civil, tais como estruturas, instalações prediais, mecânicas, etc.

Embora pareça uma novidade, o BIM já vem sendo aplicado nos países europeus, nos Estados Unidos da América e em alguns países da América do Sul, sendo que em cada uma dessas "regiões" a intensidade e complexidade da aplicação desse processo varia muito, dependendo principalmente do tempo de envolvimento dos escritórios de projeto e das tecnologias disponíveis.

No Brasil há pouquíssimos escritórios de projetos que trabalham com BIM, sendo que esses escritórios ainda encontram dificuldades para integrar as outras disciplinas no processo, tornando difícil e onerosa a implantação em larga escala. Portanto, as informações aqui serão muito mais direcionadas para o mercado Brasileiro.

Em breve estarei publicando algumas experiências com esse novo conceito de projetar e, então, abro espaço para os que quiserem compartilhar suas experiências ou obter informações ou tirar suas dúvidas.

Sejam bem-vindos ao futuro da Arquitetura e Urbanismo e a Informação Construtiva.